Milo Manara nasceu em Luson, na Itália. Génio compreendido por muitos, mas na verdade é visto por uma parcela considerável como responsável por muitas e muitas horas na casa de banho.
Detentor de um traço sem igual, principalmente quando dedica-se a desenhar mulheres, muitas vezes o seu traço acaba colocando de lado as histórias que narra e as críticas que existem inerentes à sociedade.
Apenas quem leu, com as duas mãos, o material de Manara pode perceber o quanto ele é politizado em relação à questão dos seres humanos, e isso até mesmo usando o sexo como forma de transmitir a sua mensagem de um modo quase subliminar. Em diversas histórias tu excitas-te com as imagens expostas nos comics, mas ao leres com afinco o que acontece, sentes-te envergonhado de sentir prazer, ou orgulhoso - tudo depende do teu valor moral.
Uma das suas obras que tive o prazer de ler foi Borgia, que trata-se de uma época obscura tanto para a Igreja Católica quanto para qualquer outra autoridade da época ou mesmo para alguns determinados professores de história que costumam romantizar as coisas.
Com o tradicional erotismo na sua arte e a colaboração de Jodorowsky, Milo Manara expõe de modo nada subtil o podre que existia na Igreja Católica da época. Tudo isso em torno da família Borgia e o esforço de Rodrigo Borgia para se tornar Papa a qualquer custo, seja ele moral, financeiro ou a custa da vida de fiéis.
Destaco essa em particular pelo conteúdo forte e história completamente amoral, onde o traço Milo Manara se mistura com perfeição na podridão da decadente nobreza, e para quem tem um senso erótico sádico, fica com a barriga cheia.
Obviamente existem outras obras do autor, traduzidas ou não, mas foquei apenas esta para dar o tom do post, que não é simplesmente fazer mais uma postagem como tantas outras que existem chateando literalmente o autor/artista, não é esse meu objectivo, mas sim levantar uma questão:
Se ele não fosse adepto da arte erótica, seria ainda assim um génio?
A sério, vejo uma série de artistas tanto nacionais quanto internacionais que desenham tão bem ou melhor que ele (considerando que falo de gosto pessoal), mas nenhum deles possui a sua fileira de idolatria. Seria ele importante somente pelas masturbações que proporcionou aos outros ou pela maneira como fez a masturbação se tornar algo sujo quando se lê o seu material junto com as figuras? Ou simplesmente pelo argumento em si?
Ficam as questões...
Detentor de um traço sem igual, principalmente quando dedica-se a desenhar mulheres, muitas vezes o seu traço acaba colocando de lado as histórias que narra e as críticas que existem inerentes à sociedade.
Apenas quem leu, com as duas mãos, o material de Manara pode perceber o quanto ele é politizado em relação à questão dos seres humanos, e isso até mesmo usando o sexo como forma de transmitir a sua mensagem de um modo quase subliminar. Em diversas histórias tu excitas-te com as imagens expostas nos comics, mas ao leres com afinco o que acontece, sentes-te envergonhado de sentir prazer, ou orgulhoso - tudo depende do teu valor moral.
Uma das suas obras que tive o prazer de ler foi Borgia, que trata-se de uma época obscura tanto para a Igreja Católica quanto para qualquer outra autoridade da época ou mesmo para alguns determinados professores de história que costumam romantizar as coisas.
Com o tradicional erotismo na sua arte e a colaboração de Jodorowsky, Milo Manara expõe de modo nada subtil o podre que existia na Igreja Católica da época. Tudo isso em torno da família Borgia e o esforço de Rodrigo Borgia para se tornar Papa a qualquer custo, seja ele moral, financeiro ou a custa da vida de fiéis.
Destaco essa em particular pelo conteúdo forte e história completamente amoral, onde o traço Milo Manara se mistura com perfeição na podridão da decadente nobreza, e para quem tem um senso erótico sádico, fica com a barriga cheia.
Obviamente existem outras obras do autor, traduzidas ou não, mas foquei apenas esta para dar o tom do post, que não é simplesmente fazer mais uma postagem como tantas outras que existem chateando literalmente o autor/artista, não é esse meu objectivo, mas sim levantar uma questão:
Se ele não fosse adepto da arte erótica, seria ainda assim um génio?
A sério, vejo uma série de artistas tanto nacionais quanto internacionais que desenham tão bem ou melhor que ele (considerando que falo de gosto pessoal), mas nenhum deles possui a sua fileira de idolatria. Seria ele importante somente pelas masturbações que proporcionou aos outros ou pela maneira como fez a masturbação se tornar algo sujo quando se lê o seu material junto com as figuras? Ou simplesmente pelo argumento em si?
Ficam as questões...
Questões muito pertinentes caro Crucios, mas na minha opinião o mundo não faria sentido sem Manara! E porquê? Porque o homem consegue criar movimento nas páginas dele, coisa que para o seu género não é muito fácil de aplicar.
ResponderEliminarQuanto ao argumento, ainda só li Verão Índio e era argumentado pelo senhor autor de Corto Maltese (o qual me escapa o nome agora), e gostei muito. Desconfio é que Manara a solo só é bom a desenhar.
Boas questões, de facto! Excelente post. Agora que eu me tinha decidido a fazer um post sobre o erotismo na BD, não sei se ainda será pertinente fazer...não vá ser chamado de plagiador de ideias ;-)
ResponderEliminarConheço o Maurilio "Milo" Manara desde antes dos tempos do Clic! (Le Déclic!) ter debutado nas páginas da revista L'Echo des Savanes. Esta revista, nos idos anos 80, era uma das minhas predilectas; para além da BD dos grandes mestres do erotismo, trazia sempre artigos muito engraçados levados a cabo pela equipa de doidos que se propunham a confrontar os Franceses com as situações mais absurdas.
O CLic! é flagrante nas ideias que colocas no teu post: a excitação que o leitor não consegue deixar de sentir envergonha-o quando se confronta com o contexto na que a mesma é gerada.
Claro que devido ao sucesso desse livro, o autor explorou vezes sem conta o mencionado supra, algumas vezes sem sucesso, no meu entender, por apenas ser mais um exercicio já gasto da fórmula original.
Outras histórias do autor, mais maduras quanto aos texto - pelo que discordo veementemente quando o apontam como débil nos textos - das quais destaco: As Aventuras de HP e Guiuseppe Bergman (HP inequivocamente baseado na figura e personalidade de um dos seus maiores ídolos e também amigo, o saudoso e genial Hupo Pratt; O Guiuseppe Bergman é o alter-ego gráfico do próprio Manara); Viagem a Tulum, dissertação abstrata também de um outro ícone, Federico Fellini (talvez Felliniana se assente melhor em vez do termo "abstrata") que o Manara termina. Este dois títulos serão os melhores exemplos - dos que foram editados em Português - da também muito atingida incursão do Manara em textos complicados de quase poesia bedéfila.
As Edições 70 editaram o primeiro álbum do autor em Português, O Perfume de um Sonho, editado pela primeira vez na fantástica e nunca igualada "(A Suivre)", em caderno destacável - se a memória não me falha, pois não estou em casa agora que escrevo este comentário). Desde que li este álbum nunca mais consegui deixar de acompanhar tudo o que saía do imaginário deste autor; umas vezes com regozijo outras com alguma decepção.
Lembro-me também de ter lido a sua adaptação do Decameron (melhor, no meu entender, do que a do nosso já desaparecido e saudoso ET Coelho, publicada em dois mini álbuns pela Futura).
O seu personagem para mim inesquecivel no erotismo é a bela Mel, que é estrela no álbum O Perfume do Invisivel. Nunca me ei-de esquecer o que senti quando o autor descreve o porquê do nome da menina!
Os álbuns pretos da chancela amarela são obras de destaque nas minhas prateleiras.
O autor, em Portugal, é um caso estranho de sucesso editorial. Digo isto porque não se vende por aí além, por ser fácil de "ler" pelos voyeurs em qualquer escaparate, no entanto foram publicados quase todos os seus álbuns na nossa Língua. Do Homem de Papel ao Bórgia, passando por uma inesquecivel colaboração com o Neil Gaiman no Sandman na edição "Endless Nights"; como autor/artista a apenas artista, é um caso sério de muito bem suportado, logo de continuo, sucesso.
A ASA, em maldita hora, adquiriu os direitos do Bórgia; a edição do número dois foi esquecida com a má e pouco credível desculpa que o terceiro tomo ainda não ter sido publicado em França!!!
Faltam editar em Portugal "O Homem das Neves" (publicado em Português pela Brasileira EBAL) e Decameron, que para mim são uma falta grave.
É Hugo Pratt e não Hupo, claro!
ResponderEliminarA revista da (A Suivre) não a encontrei (deve estar numa das minhas caixas), mas encontrei a Corto Maltese a qual, esta sim, tem o destacável: nº 15 de Janeiro de 1988, Destacável Rever Peut-etre das aventuras de Giuseppe Bergman na Ásia. A Corto Maltese Francesa era uma excelente revista de viagens e BD.
pois tenho de começar a comprar, ler no pc n chega xD
ResponderEliminarOs clics, na minha opinião, são "música comercial", ou seja, foram feitos para vender... mas Manara tem inumeras facetas e obras diferentes, algumas delas estão orgulhosamente nas minhas prateleiras! Destaco :
ResponderEliminarO Homem de Papel
Giuseppe Bergman
Bórgia (Jodorowky)
Verão Índio (Hugo Pratt)
El Gaúcho (Hugo Pratt)
A Metamorfose de Lucius (conto Romano)
Aproveita as promos nas Fnacs Crucios,porque quase todo esse material,esta la a venda,quer seja Asa ou Meriberica.
ResponderEliminarE a maioria dessas bds so valem pelo desenho porque o Manara não é um argumentista genial e BORGIA deve ser das poucas bds a que se aproveitam a 100% pena que ate hoje so tenha saido 1 volume em Portugues.
Adoro Milo Manara e estou a coleccionar todos os seus livros. o primeiro que comprei é, de certa forma uma colectânea de boas imagens que ele fez acerca de um tema: "o pintor e a modelo" e são , de facto extraordinárias. Demonstram o talento de Manara como desenhador, e que ele é o mestre do erotismo. Não é todos os dias que se encontra um artista assim.
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