Editora: Casa das Letras
Páginas: 318
ISBN: 978-962-46-1699-5Sinopse:
Uma história emocionante passada nos socalcos do Douro no tempo em que se abriam as portas da ciência e do conhecimento.
Este romance recupera factos e histórias que Francisco Moita Flores não incluiu na série que escreveu para a RTP com o título A Ferreirinha. Narra a epopeia da luta contra a filoxera, uma praga que, na segunda metade do século XIX, ia destruindo definitivamente as vinhas do Douro. Na mesma altura em que, por toda a Europa, surgiam as primeiras técnicas e tentativas de criação de um método para a investigação criminal.
Moita Flores criou um bacharel detective - Vespúcio Ortigão - que, na Régua, persegue um serial killer, confrontando-se com o medo, com as superstições, com as crenças do Portugal Antigo que, temente a Deus e ao Demónio, estremecia perante o flagelo da praga e dos crimes. É uma ficção, é certo, mas também um retalho de vida feita de muitos caminhos que a memória vai aconchegando conforme pode.
«Quem subir ao alto de Vargelas ficará com a certeza de que chegou ao ponto mais belo do céu. O Douro visto daquele píncaro é o Paraíso prometido em todas as lições de catequese. É grandiosamente belo! As montanhas entrelaçam-se, magníficas, para, de repente, se escancararem em vales matizados com toda a paleta de verdes e castanhos que Deus inventou. E pelas encostas, as quintas vão pintalgando de branco o silêncio majestoso por onde o Rio serpenteia.»
Sobre o autor:
Francisco Moita Flores é um especialista na área da criminologia e tem escrito obras de grande sucesso quer em livro quer para televisão. A crítica considera-o um dos melhores argumentistas portugueses e algumas das suas séries são marcos de excelência da ficção portuguesa, como foi o caso d’A Ferreirinha.
Pese o facto de ter dedicado a sua vida ao estudo da violência, da polícia e à ficção, é a primeira vez que escreve um romance policial. A acção decorre no século XIX, nos primórdios da investigação criminal como hoje a conhecemos. Uma história emocionante ocorrida nas vinhas do Douro num tempo que abriu as portas da ciência e do conhecimento ao tempo que é o nosso presente.
Opinião:
É com um gigantesco sorriso que abro o espaço de crítica literária, sorriso merecido, pois A Fúria das Vinhas é um livro espectacularmente bom.
Isto dito por mim, perdoem-me o atrevimento, é um feito histórico! Passo a explicar, o meu gosto literário é bastante restrito, e quanto à literatura portuguesa contemporânea, tirando José Saramago, não gosto muito. Abrange vários pontos, mas desta vez arrisquei e Francisco Moita Flores triunfou.
Este senhor, tem uma escrita bastante boa, simples mas ao mesmo tempo erudita. Erudita, de facto, pois abraça bastantes temas, escritores, filósofos e políticos da época. A construção da história é de tal modo grandiosa que deixa o leitor preso do inicio ao fim da narrativa. O mesmo se passa com a construção das personagens, tão bem feita, que chegamos a rir e a chorar sem dar por isso, e as falas/conversas entre as personagens são de um enorme realismo.
Para completar, o Sr. Moita Flores, além de ter feito uma forte e admirável narrativa, ainda teve tempo para criticar, a má política do final do século XIX e a grande ignorância que reinava em Portugal.
Sem dúvida, este autor português conquistou-me com a sua escrita brilhante e sem dúvida recomendo A Fúria das Vinhas.
5/5 - Obrigatório
Crucios
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